“Quem faz a governança é gente! Se as pessoas não estiverem comprometidas e motivadas, a governança está fadada ao fracasso.” Esse foi um dos pontos da apresentação que a pró-reitora de Gestão e Governança, Cláudia Cruz, fez no III Simpósio Internacional “Organizações, Governo e Sociedade”, ocorrido na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. Abordando o tema Os desafios para a governança pública eficaz e transparente, Cruz discursou sobre governança pública e os principais obstáculos enfrentados pelas instituições na sua implementação.
Para a pró-reitora, uma das questões mais relevantes para a consolidação das práticas de governança na administração pública é a motivação dos profissionais. Segundo ela, envolver as pessoas nesse processo é um grande desafio, já que diversos fatores podem influenciar no estímulo profissional.
“A motivação das pessoas faz a governança acontecer, se tornar uma boa prática, uma referência, amadurecer. Faz ela se tornar efetivamente válida para os objetivos organizacionais”, frisou.
O evento, ocorrido no dia 25/3, reuniu pesquisadores, profissionais e estudantes, discutindo assuntos relacionados à governança, à sustentabilidade, à inovação e ao papel das organizações na sociedade contemporânea e no desenvolvimento regional. A palestra teve o objetivo de refletir sobre os desafios e as soluções para fortalecer políticas públicas e práticas organizacionais.
Cruz destacou que o surgimento da governança no setor público teve como pontos essenciais a necessidade de melhoria da gestão dos recursos, o aperfeiçoamento do planejamento e a adoção de mecanismos de controle e avaliação. Além disso, salientou a importância da transparência e da comunicação tempestiva. Segundo ela, é fundamental empregar uma comunicação focada, utilizando linguagem acessível e apropriada para o público-alvo.

Assuntos relacionados a liderança, gerenciamento de riscos, monitoramento, prestação de contas e avaliação das partes interessadas também foram destacados como temáticas importantes para a estruturação de uma boa governança. A regulamentação de diretrizes sobre governança pública tem sido uma grande aliada na adesão das instituições públicas. Para a pró-reitora, a maior parte das práticas atualmente implementadas são fruto de determinações legais.
Uma dessas normas é o Decreto nº 9.203/2017, que dispõe sobre a política de governança na administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Esse normativo traz, dentre outros, princípios de boas práticas de governança. Segundo a pró-reitora, o princípio da confiabilidade é um dos mais relevantes. “Vivemos, no Brasil, há alguns anos, um descrédito institucional. A sociedade não acredita mais nas instituições públicas devido a escândalos e corrupção. Têm muitas situações que acabam minando a confiança que a sociedade tem nas organizações. Precisamos recuperar isso. Uma boa estrutura de governança deve colaborar para que a instituição recupere sua credibilidade”, enfatizou.
Cruz também ressaltou que o planejamento é uma etapa primordial para a implementação da governança e que a definição da estratégia é um dos mecanismos para seu sucesso.
“Não se define estratégia no improviso, mas com planejamento e informações de qualidade. Eu sei que isso não é fácil. Mas precisamos pensar em metas, visões e objetivos estratégicos. Quais ações serão realmente efetivas para que nossos objetivos se consolidem? É preciso identificar os responsáveis por cada etapa do processo, quem são as partes interessadas, quem efetivamente irá controlar, quem vai avaliar. Isso é pensar governança. Demos passos importantes para iniciar a implementação das práticas de governança no setor público, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, concluiu.
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